A chamada camada pré-sal é uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros entre os Estados do Espírito Santo e Santa Catarina, abaixo do leito do mar, e engloba três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos). O petróleo encontrado nesta área está a profundidades que superam os 7 mil metros, abaixo de uma extensa camada de sal que, segundo geólogos, conservam a qualidade do petróleo (veja figura abaixo).
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Vários campos e poços de petróleo já foram descobertos no pré-sal, entre eles o de Tupi, o principal. Há também os nomeados Guará, Bem-Te-Vi, Carioca, Júpiter e Iara, entre outros.
Um comunicado, em novembro do ano passado, de que Tupi tem reservas gigantes, fez com que os olhos do mundo se voltassem para o Brasil e ampliassem o debate acerca da camada pré-sal. À época do anúncio, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) chegou a dizer que o Brasil tem condições de se tornar exportador de petróleo com esse óleo.
Tupi tem uma reserva estimada pela Petrobras entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo, sendo considerado uma das maiores descobertas do mundo dos últimos sete anos.
Neste ano, as ações da estatal tiveram forte oscilação depois que a empresa britânica BG Group (parceira do Brasil em Tupi, com 25%) divulgou nota estimando uma capacidade entre 12 bilhões e 30 bilhões de barris de petróleo equivalente em Tupi. A portuguesa Galp (10% do projeto) confirmou o número.
Para termos de comparação, as reservas provadas de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil ficaram em 13,920 bilhões (barris de óleo equivalente) em 2007, segundo o critério adotado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). Ou seja, se a nova estimativa estiver correta, Tupi tem potencial para até dobrar o volume de óleo e gás que poderá ser extraído do subsolo brasileiro.
Estimativas apontam que a camada, no total, pode abrigar algo próximo de 100 bilhões de boe (barris de óleo equivalente) em reservas, o que colocaria o Brasil entre os dez maiores produtores do mundo.
Segundo Christofoletti (2002), a abordagem humanística em Geografia tem como base os trabalhos realizados por Yi-Fu Tuan, Anne Buttimer, Edward Relph e Mercer e Powell, e possui a fenomenologia existencial como a filosofia subjacente. Embora possuindo raízes mais antigas, em Kant e em Hegel, os significados contemporâneos da fenomenologia são atribuídos à filosofia de Edmund Husserl (1859-1939). Evidentemente, esse movimento filosófico foi ampliado e vários autores forneceram subsídios importantes, tais como Heidegger, Merleau-Ponty e Sartre, entre outros.
A fenomenologia preocupa-se em analisar os aspectos essenciais dos objetos da consciência, através da supressão de todos os preconceitos que um indivíduo possa ter sobre a natureza dos objetos, como os provenientes das perspectivas científica, naturalista e do senso comum. Preocupando-se em verificar a apreensão das essências, pela percepção e intuição das pessoas, a fenomenologia utiliza como fundamental a experiência vivida e adquirida pelo indivíduo. Desta maneira, contrapõe-se às observações de base empírica, pois não se interessa pelo objeto nem pelo sujeito. "A fenomenologia não é nem uma ciência de objetos, nem uma ciência do sujeito: ela é uma ciência da experiência" (Christofoletti, 2002).
A Geografia Humanística procura valorizar a experiência do indivíduo ou do grupo, visando compreender o comportamento e as maneiras de sentir das pessoas em relação aos seus lugares. Para cada indivíduo, para cada grupo humano, existe uma visão do mundo, que se expressa através das suas atitudes e valores para com o quadro ambiente. É o contexto pelo qual a pessoa valoriza e organiza o seu espaço e o seu mundo, e nele se relaciona. Nessa perspectiva, os geógrafos humanistas argumentam que sua abordagem merece o rótulo de "humanística", pois estudam os aspectos do homem que são mais distintamente humanos: significações, valores, metas e propósitos.
As noções de espaço e lugar surgem como muito importantes para esta tendência geográfica. O lugar é aquele em que o indivíduo se encontra ambientado no qual está integrado. Ele faz parte do seu mundo, dos seus sentimentos e afeiçoes; é o "centro de significância ou um foco de ação emocional do homem". O lugar não é toda e qualquer localidade, mas aquela que tem significância afetiva para uma pessoa ou grupo de pessoas. Em 1974, ao tentar estruturar o setor de estudos relacionados com a percepção, atitudes e valores ambientais, Yi-Fu Tuan propôs o termo Topofilia definindo-o como "o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou quadro físico".
A qualidade visual da paisagem, evidenciada pela ocorrência de um ou mais componentes naturais, tais como clima, água, relevo ou vegetação, surge como um dos fatores mais apelativos da percepção ambiental.Para o indivíduo, as características ambientais a sua volta são extremamente importantes para a qualidade de vida.
Dada a importância da paisagem para a percepção ambiental, é necessário um esclarecimento conceitual do termo, que pode assumir diversos significados diferentes dos compreendidos dentro deste tema.
Em 1939, Hartshorne (ApudBley 1996) notou que havia uma total falta de clareza quanto ao significado dos vocábulos alemão landschaft, inglês landscape e francês paysage;assim, consagrou um capítulo inteiro a uma análise comparativa do significado destes vocábulos que, aparentemente, diziam respeito à mesma coisa.
Não se tratava, portanto, de uma questão de tradução, mas dos seus significados precisos. Para uns, o termo paisagem significava a expressão concreta de uma área, isto é, os objetos materiais; para outros, o termo era sinônimo de área.
De acordo com Hartshorne, que buscou o significado de landschaft em autores alemães, o termo poderia ser atribuído às características de uma área, ou ser aplicado como sinônimo de região, isto é, referindo-se a uma área ou região que se compõe de diversas localidades, mas que conserva uma característica peculiar, como, por exemplo, as paisagens alpinas.
Landscape, teoricamente é a tradução de landschaft, podendo desta forma ser traduzido por region. Assim, Hartshorne disse que poderia ser aplicado aos elementos materiais ou físicos, e para os culturais e percebidos poderia ser usada a expressão landscape sensation. No entanto, o termo não se extingue apenas nestes dois significados, sendo utilizado em trabalhos de naturezas diversas, como: Geomorfologia, Biogeografia, Geografia Agrária etc. Já o termo francês paysage, permite o duplo significado, e é desse vocábulo, aparentemente abrangente, que se origina o termo em português, paisagem.
Outras abordagens da paisagem estão associadas à capacidade de adaptação humana aos lugares, através da criação de técnicas e costumes novos os quais Vidal de La Blache (ApudBley, 1996) denominou gênero de vida.
De acordo com Pierre George (apud BLEY, 1996) a paisagem é o “objeto essencial da curiosidade e dos estudos geográficos... é uma resultante de legados ou de forças atuais ou do passado...”.
Outrossim, a paisagem pode ser considerada a partir de suas inter-relações com a sociedade, isto é, em seus aspectos sociais, históricos, políticos, culturais etc. Em J.B. Jackson Zube (1970, Apud Bley, 1996) a paisagem deve ser analisada sob uma perspectiva histórica,
“um reflexo de valores sociais e padrões culturais, como expressão da maneira de viver, como paisagem social e política.” Estudar a paisagem significa estudar “as relações do homem com o mundo e do homem com o homem.”
Segundo o Professor e Geógrafo Milton SANTOS
“...tudo são paisagens”... “o seu traço comum é ser a combinação de objetos naturais e de objetos fabricados, isto é, objetos sociais e ser o resultado da acumulação da atividade de muitas gerações”. ...” A paisagem nada tem de fixo, de imóvel, cada vez que a sociedade passa por um processo de mudança ... a paisagem se transforma para se adaptar às novas necessidades da sociedade.” (1982: 37).
A paisagem pode ser, também, concebida a partir da consideração de um espaço subjetivo, sentido e vivido, um espaço particular a cada ser humano, individualizado. De acordo com Collot (1986, ApudBley 1996), a paisagem se define como um espaço percebido, essa percepção se distingue das construções e símbolos elaborados a partir dela e exige outros métodos de análise. O sujeito não se limita a perceber passivamente os dados sensoriais, mas os organiza para lhes dar um sentido, assim a paisagem percebida é também construída e simbólica.
Atualmente, a análise de paisagens vem sendo recolocada entre as preocupações predominantes dos geógrafos. Com outras concepções e outras abordagens que não mais aquelas do passado, as descrições e análises minuciosas da paisagem voltam, agora, ao ponto central da ciência geográfica (Bley, 1996). Em geral, há uma tendência às abordagens centradas no sujeito, tendo em vista suas atitudes e valores correspondentes à criação, reformulação e exploração do espaço.
No presente são mescladas as abordagens do termo, que expressam tanto o quadro real que se observa, que se vê, quanto o que se percebe dela.
Todas as definições de paisagem partem do ponto de vista de quem a observa e a analisa, como se a paisagem não existisse sem alguém que a observasse. Desde que o observador é um sujeito o conceito de paisagem é impregnado de conotações culturais e ideológicas. (Rodrigues, 1997).
É preciso, então, para se compreender a paisagem percebida, se reconhecer a dimensão conceitual da idéia de percepção. A nossa relação sensorial com a paisagem é global e não apenas visual. Ela é feita de sons, odores e outras impressões sensoriais carregadas de um conteúdo espacial e temporal. No entanto, no âmbito concreto da percepção da paisagem, a visão tem papel predominante. A paisagem, por assim dizer, é um campo de estudo amplo, multidisciplinar e complexo, porém vital para o adequado planejamento territorial.
A percepção pode ser definida como um processo pelo qual o organismo humano se informa dos objetos e transformações que se manifestam ao seu redor. Desta forma, é necessário haver uma primeira cena capaz de estimular o observador fazendo-o ficar receptivo e sensibilizado perante a visão, a partir de então será realizada a percepção (BomBin, 1987, ApudPires, 1995). Por isso é comum definir-se a paisagem como o quadro abrangido pelo campo visual do observador, confundindo-se, freqüentemente, o ver com o perceber (Rodrigues, 1997).
Para Jordana (1992, ApudPires 1995) a percepção da paisagem, a partir dos estímulos recebidos do meio, é um ato criativo que está condicionado a três tipos de fatores: fatores inerentes ao próprio indivíduo (forma de ser, capacidade de imaginar, mecanismos de associação, etc.); fatores educativos e culturais imprimidos pela sociedade, condicionantes da sensibilidade e atitudes do observador, e fatores emotivos, afetivos e sensitivos, derivados das relações do observador com o ambiente. Assim, ler a paisagem envolve uma visão de mundo, consciente e inconsciente, sempre subjetiva e permeada pelo imaginário.
Este material faz parte da seguinte publicação BARBOSA, Debora Rodrigues. O conforto ambiental na interface saúde-meio ambiente na área central da Região Metropolitana de Bangu - Município do Rio de Janeiro. 159p. Dissertação de Mestrado em Geografia (PPGG / IGEO / UFRJ). Rio de Janeiro. 2002.